O ano passado foi inovador para a inteligência artificial, e nenhuma empresa se beneficiou tanto da tendência quanto a fabricante de chips Nvidia.

O balanço divulgado nesta quarta-feira (21) mostra que os lucros da empresa cresceram para quase US$ 12,3 bilhões (R$ 60,7 bilhões, na cotação atual) no trimestre encerrado em janeiro – acima dos US$ 1,4 bilhão do ano anterior.

O valor representa alta de 769% em relação ao mesmo período do ano passado, e ficou acima da expectativa de analistas de Wall Street.

Esse resultado ajudou a aumentar os lucros anuais da empresa em mais de 580% em relação a 2022.

A Nvidia também teve alta de 265% na receita do quarto trimestre, também acima do esperado, à medida que a empresa surfa na onda de investimentos massivos em Inteligência Artificial (IA).

“A demanda está aumentando em todo o mundo entre empresas, indústrias e nações”, disse o CEO da Nvidia, Jensen Huang em comunicado.

A Nvidia é crucial para o crescimento da IA. A fabricante americana de chips é incomparável na produção de processadores que alimentam sistemas de inteligência artificial, inclusive para IA generativa — nova tecnologia que pode criar texto, imagens e outras mídias.

As vendas do principal negócio de data center da empresa cresceram 409% no ano, e atingiram o recorde de US$ 18,4 bilhões no quarto trimestre. O número é reflexo de parcerias com gigantes de infraestrutura, como Google, Amazon e Cisco.

Mas o aumento do preço das ações da empresa no ano passado – que dispararam 230% – significa que a Nvidia agora também é profundamente importante para o mercado amplo.

Em nota divulgada na última terça-feira (20), analistas do Goldman Sachs chamaram a Nvidia de “a ação mais importante do planeta Terra”. O papel teve o melhor desempenho em 2023 do índice S&P 500.

Após o resultado da companhia, as ações da Nvidia saltaram quase 7% nas negociações no after market.

Mas alguns acionistas temem que o crescimento em massa não possa durar para sempre. E as restrições impostas pelos Estados Unidos às exportações de chips avançados de IA para a China no ano passado — que afetaram produtos como os chips H800 e A800 da Nvidia — ameaçam impedir o acesso a um amplo mercado em rápido crescimento.

A empresa reconheceu que as vendas de data centers para a China “diminuíram significativamente” no último trimestre devido às restrições, embora outras regiões tenham contribuído para o crescimento da unidade.

“No entanto, se a Nvidia não encontrar uma solução alternativa de longo prazo para as restrições, isso poderá começar a se refletir no crescimento futuro”, disse Morgan.

Ainda assim, outros em Wall Street acreditam que a empresa ainda tem muito espaço para funcionar.

“A perspectiva para a Nvidia é positiva, já que a concorrência de chips de IA da Intel, AMD, Meta e Microsoft pode demorar meses, enquanto a demanda por chips da Nvidia está apenas aumentando”, afirmou Gadjo Sevilla, analista sênior da Insider Intelligence, em nota.

Por enquanto, a empresa diz que a demanda por seus chips avançados de IA continua “excedendo a oferta”.

“A construção e implantação de soluções de IA atingiu praticamente todos os setores”, disse Colette Kress, CFO da Nvidia.

A empresa afirmou nesta quarta-feira que projeta receita de US$ 24 bilhões (R$ 118,4 bilhões) para este trimestre, o que representaria um aumento de 233% em relação ao ano anterior e acima da expectativa de Wall Steet.